sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Eu estou bem alí , logo alí , dentro de você.




Sem querer te querer, sei que estou em cada pedaço teu, sei que estou aí na sua cabeça e onde você menos espera me encontrar ,acredite , estou aí até quando você abre a janela, nesses teus atos quase que mecânicos os quais conheço um a um.

Sei que sente falta do meu cheiro, sei que sente falta de eu te fazer de travesseiro, que sente fata de amor verdadeiro, daqueles que a gente teve e ainda tem (mesmo que nós não queiramos mais sentir , porque estas coisas não somem assim) não dessas ladainhas que está se acostumando um tanto medíocres', onde não há nada sentido e tudo consentido, dessas ladainhas que são tão diferentes do que a gente possuía.

Não , não adianta ,pois eu estou aí dentro, estou no seu pulsar, estou no seu quarto,
inclusive estou no seu medo e você bem sabe.

Estou na cozinha, em cima da pia, no seu chuveiro, no seu prato ,
em cada pedaço seu e em cada memória que vem ao acaso.

Me lembra nas gotas de chuva, de como a chuva caía naquele dia nosso,
e não esqueça que estou na sua parede e bem aí dentro de você ,
porque é onde você está também.

Picho seu muro, bagunço seu mundo, risquei todas as suas coisas .E eu sei que você sabe que as nossas lembranças são as melhores mesmo que às vezes pareça uma miscelânia de decepções.

Me diga então, quando é mesmo que você vai se dar conta?





Escrito em 22/10/10 por Giovanna M. , do meu acervo particular de ''textos impublicáveis''

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

"A Dança"

Não te amo como se fosses a rosa de sal, topázio Ou flechas de cravos que propagam o fogo: Te amo como se amam certas coisas obscuras, Secretamente, entre a sombra e a alma. Te amo como a planta que não floresce e leva Dentro de si, oculta, a luz daquelas flores, E graças a teu amor vive escuro em meu corpo O apertado aroma que ascendeu da terra.  Te amo sem saber como, nem quando, nem onde, Te amo assim diretamente sem problemas nem orgulho: Assim te amo porque não sei amar de outra maneira, Senão assim deste modo que não sou nem és, Tão perto que tua mão sobre o meu peito é minha, Tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.  Antes de amar-te, amor, nada era meu: Vacilei pelas ruas e as coisas. Nada contava nem tinha nome. O mundo era do ar que esperava E conheci salões cinzentos, Túneis habitados pela lua, Hangares cruéis que se dependiam, Perguntas que insistiam na areia. Tudo estava vazio, morto e mudo. Caído, abandonado, decaído, Tudo era inalienavelmente alheio. Tudo era dos outros e de ninguém, Até que tua beleza e tua pobreza De dádivas encheram o outono.


   (Pablo Neruda.)