terça-feira, 15 de março de 2011

Pour la couleur de ma vie.







E ele insistia em dizer ”seu amor não é grande, mas é lindo”. Ela sorria de canto achando essa fala tolice, coisa de quem não sabia sentir o outro talvez, mas no fundo ela sabia. Ela sentia, queimava lá dentro, ardia inteira, e era como se pudesse tocar mesmo não vendo absolutamente nada.

Talvez ele não soubesse a proporção daquilo, então sempre que podia ficava tentando medir, achar palavra, tentava colocar nos desenhos , nas cores, nos poemas do mundo e nos que eram dela .

Era um amor carregado de cuidados, quase infantil, desenfreado. Era planta de raiz forte,difícil de arrancar, era um amor zeloso, de quem faz questão de regar todos os dias, de dar nostalgia no peito e gosto doce na boca, vontade de colecionar lembranças como nos albuns de fotografia, desejo de comer a presença, matar a fome que a saudade traz.

Dava aquela leveza de quem brinca no jardim nas tardes de sábado com algumas cores em volta. Porque era algo inocente e claro, e apesar de toda a transparência que tinham e do cinza que a vida as vezes pinta no céu de quase abril, dentro deles havia cor tambem. Colorido e imensuravel, era a única conclusão.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Sinônimas, um par.




Então foi daquele modo que esbarrei em ti,
bem no meio da confusão,
naquele aglomerado de gente que entrava e saia das nossas vidas.
Eu ficava procurando saída, um pouco de fé, alguma coisa que me movesse e onde abarcar.

Daí você me veio quase que por acaso com a mala pronta. Pra fazer moradia.
Como quem não tem intenção alguma de um dia partir.
Meados de um julho que ainda lembro, escrevi e não sei apagar.
Caneta forte e  tinta permanente.

O tempo arrastando e a a gente criando raiz.
Somos o que chamam de velha coincidência, moeda de dois lados iguais.
Dois em um, torres gêmeas , a nossa raça tá quase em extinção.

Somos da mesma espécie dos desassossegados,
era só bater o olho em nós. Não era difícil de perceber.

Era como se eu tivesse uma metade de mim andando por aí.
Uma parte malemolente, de sorriso largo e coração escancarado, tal qual o meu é.
Entre tantas partes misturadas e tantas mãos pra segurar eu segurei a tua.
Nem por um decreto posso soltar.

É bem querer até não querer mais.
Mas sei que ''não querer'' não cabe aqui.

Nós somos sinônimas , nem é plágio. É só a mesma forma de pensar.