Às vezes o solo fértil da tristeza erige a própria mente, sobre o duro córtex, sustentando todas as idéias pedaço a pedaço. Brotando no isolamento, um pé de arte pra gente regar. O tempo e o zelo necessários, vão moldar os ramos como se fossem formas esvaziadas de luz. Um adeus pro que fomos e um aceno pra tristeza condescendente em envelhecer. Ainda que seja angustiante e discretamente educada a
recordação do que fomos e a aceitação do que estamos nos transformando, é preciso querer viver. Carregar a marca do orgulho como uma relíquia de família, os anos todos são pequenos cuidados pra não deixar mofar. Olha só rapaz, viver é arte no fim das contas. A gente pode pintar o 7 pelo mundo ou estagnar numa tristeza fria, incauta, ferida. Berrando muda por auto aceitação. Sem se escutar. Ter o seu próprio desaparecimento pode até não ser de todo mal. Age assim, feito fenda de luz. Me dá tua mão e não tapa. Só. Deixa passar. Chega de ficar assim tão pedra no meio do caminho, com cubos de amor congelado lá fora. Utopia de inverno nessa cidade escaldante. Toma essa realidade pra si. Como no último gole de Sócrates.