segunda-feira, 9 de março de 2015
Inícios ou a desmistificação dos opostos.
Acrescento a figura real do pai na cozinha, fazendo sopa de letrinhas com cozido de frango e falando pelos cotovelos. O que jamais vi, presenciei ou permití antes. Sim, por si só, isso já tornaria minha segunda-feira no mínimo atípica, justamente por fazer uma das coisas que raramente faço: conversar com ele durante o almoço ou durante o curso da própria vida (talvez por incompatibilidade de pensamentos, gestos e a mania de evitar os tantos aborrecimentos já conhecidos, ou para simplificar, como mamãe diz: dois bicudos jamais se beijam). O que fica desse tempo bem aproveitado é a fotografia junto a conclusão igualmente simples e precisa: não se deve seguir resistindo a certas aberturas ou tomar como absoluta a crença de que é repelente a diferença entre as pessoas, ainda é melhor saber escutar, saber não só da superfície mas do que vive no fundo, a fim de não cometer tolices, para que se possa falar mais tranquilo e sentir reciprocidade na tranquilidade das falas que saem, fazendo as pazes, em tempos muitos de permanente emburrecimento. Depois me veio a urgência de número dois, o dever de buscar encontrar o riso no tanto de siso que a vida impõe aguentar. Por aí se pode dizer que hoje arranquei os sisos, a anestesia me foi dada de graça, exatamente como essas felicidades que, por acaso, tornam dormente toda bobagem que a gente costuma dizer quando cai com o olhar por cima do olho do outro e machuca, encarando o bicho da convivência como quem encara um inimigo de morte, como quem morre de raiva mas não mata, ao contrário, dá ainda mais vida na tentativa de ver melhorar, sem se dar conta.
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