sexta-feira, 1 de julho de 2011

Entre o sal e o sol.



Hoje sua voz subiu as escadas, mais uma vez. Uma voz que só se ouve no chiado do peito de um lobo, no estômago vazio de um animal ao despertar do inverno, no suor ao fim da febre. Nem flutuante nem submersa (se for pensar com os olhos fechados, não há diferença).
Me sustento inteira todos os dias apesar dos pesares, que são tantos. Recomeço. Firme sobre meus dois pés, bípede como uma humana. Sem ser pássaro, mas voando como um. Pés na terra e cabeça nas nuvens.
Quero a certeza das coisas, andar na grama sabendo que é grama e é verde, mesmo que a memória da grama nao esteja no saber do nome ou da cor, mas na carne da planta dos pés que sentiu o úmido, o frio, o medo e as cócegas.
Andar na areia quente até virar água e não ter mais fundo. Deitar meu corpo sobre a linha do horizonte e sentir mais uma vez o rosto queimar entre o sal e o sol.


(Giovanna M.)

2 comentários:

  1. Um dos melhores textos que já escrevestes na minha opinião. Toda a sensação tátil que consegues criar através das palavras que usas, da maneira que escreves é absurda, algo único, é teu isso. Ainda tenho vontade de ter parceria de blog contigo. Excelente. Parabéns. S2.

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