segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015
Constatações de uma vida ou mais.
Possuo três sóis e seis braços de lar. Revejo fotos e imagino cheiros de estimação que se perderam no decorrer do processo de crescimento, por sorte ainda me restaram alguns que aliviam a saudade de ser menina até hoje. Me ocorreu que sempre escutamos "mãe é quem cuida/cria e não só quem tem de barriga", pois adianto que a primeira da ponta esquerda fez os dois, estas duas ao lado cuidaram. Poderia também ter escrito "estas duas ao lado só cuidaram" mas cuidar não é "só isso", criar faz crescer tanto amor quanto parir. Imagino que seja como receber em mãos algo desconhecido e fascinante, e de repente se surpreender com a pretensão de viver muitos anos para descobrir onde vai dar, querer fazer o melhor que se sabe e aplicar os ensinamentos dos que nos cuidaram e os que cuidaram destes últimos e já cumpriram o combinado com o Deus. Chega então o dia em que o que se cria fica forte o bastante para que retribua como num gesto involuntário, sem pedidos ou previsões, com naturalidade sinônima a de uma jardineira fiel para com suas árvores, que já na velhice, nos dias de sol forte, recebe a sombra de tudo aquilo que ajudou a zelar.
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Perfeito, me lembrou minha mãe, minha avó e minha madrinha. Tive três mães, cada qual me cuidou e amou a sua maneira. Posso dizer que fui felizardo em ser cuidado e amado demasiadamente.
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