sábado, 25 de dezembro de 2010

l'avortement

Seu amor é um abandono,
sim é exatamente isso que essa sua ‘noção’ de amor representa agora.

Ausência, abandono, um vácuo.

Entenda querida , já não existem laços , apenas nós.
Nós apertados , que machucam , vão prendendo,
rasgando de dentro pra fora de forma lenta , torturando cada pedaço.

Não, por favor não me chame ,
não me venha com esses olhos que se revestem de olhares antigos,
daqueles que me faziam hesitar por qualquer motivo ,
porque eu sei que por trás de tudo não existe quem eu achei que existisse.

Entenda de uma vez, eu não quero nada que seja seu.

Apenas perceba que eu não consigo entender
como alguém pode dizer ‘eu te amo’ durante anos e abrir mão daquilo que lutou pra ter.
É tão cômodo ter uma responsabilidade cuidada por outros,
é ironicamente tão bom que a pessoa que está
‘geneticamente programada para amar você’ não ame .

Esse amor que você diz sentir por mim não passa de um castelo de areia na beira da praia,
de palavrinhas ao vento.

Por que é tão dificil entender que eu já não acredito em mais nenhuma palavra sua ,
e qualquer coisa que você argumentar eu irei rebater?
Qualquer passo que você der em direção à mim eu recuarei três vezes.
E não me peça para ter paciência, não me peça para conviver,
pois eu só quero na minha vida quem me faz bem ,
e a tua presença já deixou de me fazer bem há tempos .

Vai logo, porque eu não aguento mais ter que te ver assim inteira
enquanto os meus pedaços estão espalhados por aí .
Que eu não aguento te ver vivendo
enquanto todos os dias eu vou morrendo aos poucos ,
uma morte lenta e um corpo mal cuidado .
Vai pra onde tem que ser porque eu não aguento mais a indiferença
e intolerancia das tuas ações com relação a tudo que nos envolve,
o comodismo acoplado em ti , o medo que existe em viver o que nem foi vivido.

O amor que foi ‘abortado’ ainda se move, acredite .

E não existe um dia que eu não chore pelo que se perdeu ,
por tudo o que eu acreditei , por tudo que ameaçou e não chegou a ser,
por todas as vezes que me senti dispensavel , invisivel .
E das vezes que chorei por mimo no teu colo ou na falta dele ,e chorei por ingratidão,
e chorei por sentir humilhação nas palavras que saíam de ti depois de tudo o que eu amei,
e não foi pouco amor , disso eu sei.

Eu dei tanto, dei mais de mim do que eu achava que poderia dar,
e em troca eu recebi farpas , arranhando , ardendo , me fazendo sangrar pelos olhos.
Os olhos que antes te faziam ficar mais vinte minutos do que o teu horário permitia .

Sinto a dor do baque, uma dor que chega a se tornar física.

Mas um dia há de passar.

9 comentários:

  1. Nossa que lindo!
    "O amor que foi abortado ainda se move!" Isso é muito forte.
    Hoje estou muito feliz no amor, mas esse texto é tão forte que sussita lembranças e sentimentos de dor no coração.
    Posso dizer que valeu sempre a pena passar aqui.

    Um 2011 repletos de boas conquistas.

    http://sabordaletra.blogspot.com/

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  2. ATÉ...EU ME SENTI REGEITADA AGORA rsr

    ADOREIIIIIIIIII

    XEROOO visse

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  3. Feliz ano novo.

    ;)

    Feliz natal atrsado

    haha!

    Que texto intenso heim?
    Mas tudo smepre passa,
    e com você não será diferente!

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  4. Po bixo agora eu senti
    esse texto é pra matar o caboco
    muito forte,muito intenso
    como pode ser, o sofrimento se tornar bonito
    tu consegues fazer isso tu é foda
    :)
    te amo
    bjus

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  5. abortar uma criança é ''bem fácil''....agora, lidar,abortar,costurar um amor que nãos e resolveu é bem foda...essa é a verdade.

    o meio termo não foi feito para pessoas como vc,,decidida. agente faz td errado,fazemos a maior merda possível,mas agimos e esse meio amor, meio descprezo do passado é o que te sufoca....portanto, escolha o que quer,ou....o que ainda puder!

    estou ctg,sempre.


    e eu adoro esses vômitos escritos. =)

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  6. E por mais q assim o seja, nao conseguimos nos desatar deste amor quase desastroso que nos chama de idiotas na nossa face e nos deixa felizes por sermos tristes e tristes por estarmos felizes com essa loucura.
    Ja passei por isso...
    beijos

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  7. Enquanto eu lia este texto, veio a minha cabeça uma história de mãe e filha, não se entendo. E é estranho acharmos que mães não amam os seus filhos, mas é mais comum do que imaginamos. O amor não é algo que nasce com as pessoas, infelizmente.

    Beijos, e um ótimo 2011!

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  8. O amor é isso, chega a ser dor física mesmo, ainda mais quando um morre aos poucos com o fim dele enquanto o outro continua vivendo.
    Me identifiquei muito, muito mesmo, mas essa parte traduz tudo:
    "o comodismo acoplado em ti , o medo que existe em viver o que nem foi vivido.
    O amor que foi ‘abortado’ ainda se move, acredite"

    Lindo post.

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